sábado, 10 de novembro de 2018

Viking



Põe essa baladinha pra trocar
Nunca dancei assim antes
Não vamos falar disso

Abra a porta
Deixe o frio entrar
Isso aqui já é terra arrasada

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Vou bem, obrigado!



O mesmo comportamento estúpido 
De galo inflado 
Dono do terreiro 
'Eu confio no meu taco..' 
Vocês só fazem cagar no poleiro 

Uma resposta pronta 
Cortante 
Agressiva

Eu cansei
Não quero dizer que é burrice 
Não quero dar conselho 
Nem ser legal 
Dizer que tá tudo bem 
Nem tenho vontade de viver isso 
Que nunca existiu 
Mas que o mundo faz parecer que sim 
Que vai bem 
Mas é só violência
Medo 
Estupidez 

Estou só e bem sendo errado 
Bem fodido 
Mas vou bem 
Obrigado!


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Poeira


Minha massa cinzenta pensante
Tão racional
Sustentada nos alicerces do sucesso
Não compreende estar no meio de um bilhão
Não se aceita como poeira
Um espasmo
Um suspiro
Na história de tudo

Minha massa cinzenta pensante
Tem medo de sentir
De ser
De amar

Racional como uma alavanca
Não move o mundo

Quem dera descobrisse
Que nessa lógica mesquinha
Sentir é tudo que posso
Amar
Me entregar

domingo, 30 de setembro de 2018

Um resultado

A dor pariu um resultado
Que ele seja profícuo 
Que se prolongue 
Que me traga paz
Que seja mais sobre o mundo do que sobre mim 

sábado, 29 de setembro de 2018

Wonderwall



O estranho caso de Benjamin
Nasceu desconcertado por um relógio
Um muro quebrado
Dois países antagonistas
Dois distintos
Uma unidade

Oasis é minha banda preferida...

B Jack

B Jack 

E não, não quero ajuda 
Não quero perdão 
Não quero irmão novo nem amigo 
Eu suporto meus últimos grupos 

Eu preciso
De um fio condutor 
Qualquer coisa que me diga
Que permaneça o mesmo 
Não despertar de tempos em tempos 
Em uma nova vida
Nova família 

Manter 
Suportar 
Não fugir 
Aceitar
Tem sido tudo que eu tenho sido

Com a alma rasgada 
Quero sair 
Fugir de mim 
Disso que não sei o que é
De alguma forma  feliz 
Escondido 
De alguma forma...Feliz
Desde que não esteja cansado
Tarde da noite

River




Sei que o abismo chama
Que essa teia envolve 
Brinco com o tempo 
Faço um espetáculo
Sou um ator 

Entro em um personagem 
Escondo o mais profundo de mim 
Mas toda peça acaba 
Eu não sou tão bom assim 

Tentar não causar impacto
Meu único possível pacto 
Mas  acreditei 
Uma vez e outra, e mais uma 
Uma espiral sem fim 
Dessa vez ia ser diferente
E mais uma, e outra, e de novo 

Isso se quebrou não sei quando 
Desde lá teorias 
De como
Do por quê
Motivo, razão 
Sou o mestre da compreensão 
Entendedor das pessoas
Do seu bem, dou seu mal 
Mas me graduei tarde no entendimento do mundo 
E essa peça não tem reposição 

Compro o armazém
Com todo o açúcar possível 
Escolho uma série 
Mas em uma hora os fantasmas tomam o quarto 
O personagem dorme 
Eu estou aqui 
E agora? 

Tenho uma droga
Uma boa
Que me dopa do entendimento de tudo 
Me faz dormir 






domingo, 23 de setembro de 2018

Elisa



Eu desci a montanha 
Me transformando em um pouco disso 
Em pedra, pinheiro e neblina 

Escorreguei, quase cai, mas desci 
Cheguei no balcão 
Alle alpi 
Antes de uma história 
Uma força me traz aqui
E disso não quero falar  

Não sei você, seu passado
Seus medos
Seus segredos 
Um sorriso
Um bêbado quebrando as taças
De onde veio? 
Espanhola? Colombiana? 
Ah.. Italiana! 

Elisa, não me entenda mal 
O cara do lado te assedia 
Busca um adversário 
Uma competição
Mas estou sozinho aqui 
Procurando os pedaços 
Por hoje é só o seu sorriso 
Dois chás gelados
A sua vontade de falar espanhol 
E a gentileza de ter perguntado  meu nome
Prazer!
Eu sou o fantasma da montanha...


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Cruzeiro em três estrelas



Daqui vejo as ursas
Maior ou menor 
Não sei ainda 

Com os olhos sul-americanos 
Percebo as três estrelas 
Que não são três marias 
Mais distantes
Um outro formato
Mas são três

O cruzeiro é uma lembrança
Não se vê no céu daqui 
Nem tampouco nas bandeiras
Aqui as cores contam histórias
De derramamentos de sangue milenares
De territórios tão cobiçados 

Tudo um pouco distinto
Um pouco igual 
Na humanidade
Em seus medos e segredos
Mas o céu não é o mesmo 
Esse céu que guardo tão silencioso
Oprime e liberta 
Um átomo de tempo

A responsabilidade de saber
Pertencimento
E essa cadeia complexa estelar 
Poeira e liberdade
Leve, perpassando tudo 
Uma fração de segundo 
Sujeito de mim mesmo
Harmonia no tom errado

Dissonante 
Feio
Desconcertado 
E em algum lugar a música tocando a arte 
Me dá o passo, concerta o tom 
Move o universo  


segunda-feira, 14 de maio de 2018

Senta aqui

Senta aqui
Pega o telefone
Tira uma foto
Vê esse azul?
É a hora mágica...

Com os pés balançando na água
É maio, começa a esfriar
Vamos dormir enrolados no edredom
Sem sentir frio, sem sentir calor
Acordar
Tomar café 11 horas
Sair pra andar
Almoçar 3 horas
Vamos voltar pra casa
Ver odisseia no espaço
Eu nunca vi e você?

Meu coração bate tranquilo
Toca Woodland do Paper Kites
Sabe, meu inglês tem melhorado
Quero caminhar na orla
Tomar um café em algum lugar
Voltar pra casa

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Marco

Pra onde vão os sonhos¿
Pra onde vão as pessoas¿
Nós seguimos  uma luz
Apoiados uns nos outros
Caminhamos sem saber muito bem
A teoria dos sentidos
A teoria do amor que pulsa
Da saudade que fica

Não sabemos como é depois daqui
Na terceira margem desse rio que tudo arrasta
Há quem insista em uma ordem natural das coisas
Há quem insista...

A medida do tempo
Da intimidade
Da proximidade
Da amizade
Eu não sei
Já não meço
Não elenco
Não estipulo

sábado, 31 de março de 2018

Areia


O cheiro de putrefação passeia pelos cômodos
Vai entranhando todas as coisas
Tomando conta da alma
Tornando se comum

O lixo cai pelos cantos
Em sacolas mal fechadas de supermercados daqui
No final de semana um churrasco
Um peixe na páscoa

No corredor que liga nossas casas
Nossas vidas
Nossa humanidade
E nossas diferenças...
Mereja o esgoto da caixa de gordura

É, eles podiam fazer alguma coisa...
É, alguém poderia fazer alguma coisa...
Talvez em um final de semana eu chamasse um deles
E ajudasse a limpar sua caixa de gordura
Mas já não importa
Eles sabem disso muito antes de mim

Não importa também o cachorro
Acorrentado o dia inteiro
E seu latido triste
Não importa a ignorância
A grosseria
A falta de perspectiva
Os brados com o acorrentado

Talvez o melhor seja saber o que ainda resta
Nos escombros dessas vidas
Na dilaceração dessas existências 

Em comum carregam a saudade de um lugar
Para onde pretendem voltar
Um certo orgulho arrogante
E o medo de enxergar...
De que alguém lhes diga
Arrancando o véu que esconde as portas dessa caverna
Que algo se perdeu
Que de vida existe muito pouco nisso tudo

E assim se morre antes de nascer
No coração do Brasil
Imensa grandeza geográfica desértica
Em que almas sedentas mastigam arreia





quarta-feira, 14 de março de 2018

Olhos de vidro


Não sei em que momento isso se quebrou 
Até que ponto tinha conserto 
Sei menos ainda quando isso se calcificou 
Não sei o quanto de lenda e de realidade carrega essa história 
Não sei se ainda luto pelos anjos ou se já estou caído
Minha razão pode estar comprometida
Ou pode ser a completa lucidez 
Que desemboca em desespero
Não sei 

Isso tem sido sobre caminhar e viver 
Felicidade é outra coisa 
Culpando-se e punindo-se
Perdido em crenças medievais 
Tentando acender a luz 
Mas por todos os lados existem quartos escuros 

Isso aqui é muito frágil 
Muito medroso 
Viu o inferno 

Não trabalha com a hipótese 
Com o cinza
Isso é o Direito 
Só tenta ser justo 
Ser certo
Se aconchega no estável
No seguro



Alguma coisa que seja


Converti liberdade em solidão 
Converto dia a dia
Vou desaparecendo aos poucos 
Pedaço por pedaço 
Parte por parte 
Em cada pequena coisa 
Cada livro com dedicatória 
Presentes
Memórias
Até que um dia eu possa sumir por completo 
Me desencontrar de mim mesmo 
Me desfazer de tudo que me lembra eu, nós, todo mundo

Nas recordações de quem existiu ao meu lado 
Espero que reste um sopro de vida 
De inquietação
Que esse fantasma possa suscitar a crença 
A possibilidade de encher de ar os pulmões 
E inalar alguma coisa que pulse
Que seja vida 



Vidro


Isso é  como um conto do  Borges 
Isso é o que eu tenho conseguido aguentar
Vou despedaçando essa febre 
Fugindo dos medos 
Quebrando os espelhos 

É a história do homem 
Combatendo seu arquirrival
Incansável nessa tormenta 
Não vê seus olhos 

No último ato o demônio tira sua máscara
E ele se vê
Seu contrário espelhado
Corta-se em mil pedaços 
Com retalhos de vidro
Ele quebra cada parte 
Sua imagem se multiplica 
Suas mãos já cansadas 
Vermelhas 
Sangrando vão esmiuçando cada caco
Para que se tornem pó


Mas não acaba nunca...
Tem o poder de se multiplicar 
São milhares de imagens de si 
Ele é vidro
Ora transparente
Ora espelhado
Ele é vidro
Ora blindado
Ora quebrado
Ele é vidro
Uma liga de areia forjada no fogo