Isso é como um conto do Borges
Isso é o que eu tenho conseguido aguentar
Vou despedaçando essa febre
Fugindo dos medos
Quebrando os espelhos
É a história do homem
Combatendo seu arquirrival
Incansável nessa tormenta
Não vê seus olhos
No último ato o demônio tira sua máscara
E ele se vê
Seu contrário espelhado
Seu contrário espelhado
Corta-se em mil pedaços
Com retalhos de vidro
Ele quebra cada parte
Sua imagem se multiplica
Suas mãos já cansadas
Vermelhas
Sangrando vão esmiuçando cada caco
Para que se tornem pó
Para que se tornem pó
Mas não acaba nunca...
Tem o poder de se multiplicar
São milhares de imagens de si
Ele é vidro
Ora transparente
Ora espelhado
Ele é vidro
Ora blindado
Ora quebrado
Ele é vidro
Uma liga de areia forjada no fogo
Ora transparente
Ora espelhado
Ele é vidro
Ora blindado
Ora quebrado
Ele é vidro
Uma liga de areia forjada no fogo
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