quarta-feira, 14 de março de 2018

Vidro


Isso é  como um conto do  Borges 
Isso é o que eu tenho conseguido aguentar
Vou despedaçando essa febre 
Fugindo dos medos 
Quebrando os espelhos 

É a história do homem 
Combatendo seu arquirrival
Incansável nessa tormenta 
Não vê seus olhos 

No último ato o demônio tira sua máscara
E ele se vê
Seu contrário espelhado
Corta-se em mil pedaços 
Com retalhos de vidro
Ele quebra cada parte 
Sua imagem se multiplica 
Suas mãos já cansadas 
Vermelhas 
Sangrando vão esmiuçando cada caco
Para que se tornem pó


Mas não acaba nunca...
Tem o poder de se multiplicar 
São milhares de imagens de si 
Ele é vidro
Ora transparente
Ora espelhado
Ele é vidro
Ora blindado
Ora quebrado
Ele é vidro
Uma liga de areia forjada no fogo





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