Talvez eu tenha tudo
O mundo me sorri
Abre os braços
Me beija
Me acolhe
Me acalenta
O mundo me encoraja
Me motiva
Me da propulsão
Mas eu não sou o mundo
Eu sou minha casa
Minha única casa
A primeira
A verdadeira
Mas eu nunca tive permissão pra entrar
Nunca pude estar nu no meu local de origem
Forçaram me a usar um traje roto
Mal colocado
Mal medido
Mal costurado
Fui expulso aos poucos
Sem que essas palavras fossem ditas
Mas eu podia ouvir
Tocar e sentir
E saber que eu não devia estar ali
Em toda esquina
Alguém me protege
Me beija
Me convida pra entrar
Mas sem um lugar pra voltar
Sou sempre forasteiro
Com minhas malas prontas
Meus planos desconfiados
Na minha terra sou filho pródigo
Elemento de instabilidade
Caos
Desespero
Não há retorno
Mas ainda assim procuro o caminho
Ainda assim sou minha casa
Meu templo
Por que meu caro?
Ricardo...
Uma tentativa de profecia
Desde sempre
Desde o começo
Mas você não é a promessa
Não é o sangue
Em algum lugar te esqueceram
Fizeram do herdeiro o bastardo
E isso é tudo...
Não há muito o que ver
Muito com o que se preocupar...
Te colocaram fora da gaiola
Te trataram como estrangeiro
Na sua síndrome de Estocolmo
No peso e no vazio de sentir-se o descumpridor do pacto
Incompetente
Divergente
Fracassado
Você ainda crê na terra prometida
Nos dias de bonança
Na reconciliação
No juramento tácito
Daquele agosto vinte e nove
Meu filho
Meu amigo
Meu caro
Meu companheiro
O mundo te deu a mão
Te criou como legítimo
Te aqueceu o coração
Secou suas lágrimas
Não temas nada
Essa Jihad não é santa
Esse espaço vital tampouco
Não há terra prometida
Seu jardim é o globo
Respire fundo
Não há solidão
Encontre-se em si
Abra espaço para o infinito
Não olhe para trás
Seu nome
Seu título
Isso já não existe
É terra arrasada
Você foi rebatizado
Requalificado
Resignificado
Renascido
Você abdicou ao seu trono
Ao seu reinado
A sua história
Deixe o novo florescer
O sublime ter significado
Por fim...
A esfinge não te devorou
Eu te encontrei
Me fundi em você
E agora somos outro
Já não há sinais
Nem profecias
Muito menos medo
Arrebente-se em amor
quinta-feira, 30 de março de 2017
Para que eu me lembre
Fico tão triste
Sozinho e confuso
Não sou a carcaça de metal pretendida
As noites são ao mesmo tempo
Um refugio e um desespero
Sempre à procura de alguém
Pra preencher esse espaço de solidão
Não quero me encontrar comigo mesmo
Ver minha face
Encarar o tempo
Qualquer companhia é melhor do que nada
Mas você sabe e eu sei
É a lua refletida na água
Meu peito queima uma dor fina e extensa
Aprendi a me drogar
Me enganar
Libero minha endorfina
Dopamina
Nada quimicamente artificial
Mas psicologicamente tóxico
Não sei bem o dia em que o abandono se deu
Não sei de quem é a culpa
Mas eu só não queria estar só
Eu enterro fundo essa história
Desrespeito minhas dores
Com vista grossa e punho cerrado
Sozinho e confuso
Não sou a carcaça de metal pretendida
As noites são ao mesmo tempo
Um refugio e um desespero
Sempre à procura de alguém
Pra preencher esse espaço de solidão
Não quero me encontrar comigo mesmo
Ver minha face
Encarar o tempo
Qualquer companhia é melhor do que nada
Mas você sabe e eu sei
É a lua refletida na água
Meu peito queima uma dor fina e extensa
Aprendi a me drogar
Me enganar
Libero minha endorfina
Dopamina
Nada quimicamente artificial
Mas psicologicamente tóxico
Não sei bem o dia em que o abandono se deu
Não sei de quem é a culpa
Mas eu só não queria estar só
Eu enterro fundo essa história
Desrespeito minhas dores
Com vista grossa e punho cerrado
sábado, 18 de março de 2017
Little beat of peace
Sigo por estradas
Mais ou menos desconhecidas
São perguntas
Sem resposta
E eu prefiro esperar do lado de fora
Vinte sete anos
Ainda acredito
Um destino
Um oasis à frente no caminho
Em busca de um pouco de paz
Em busca de um pouco de mim
Isso doeu demais
E embora pareça pouco
É o que posso dar
Errei tanto
Sempre
Dia a dia
Eu falo com Deus
Agradeço peço perdão
E suplico por perseverança
São tantas segundas chances
Que já perdi a conta
Eu tento ver o futuro
Aplacar a dor
Mas não há muito
As vezes é só continuar
E confiar que amanhã será diferente
As vezes tenho trinta
As vezes vinte
E só quero um pouco de paz
Mais ou menos desconhecidas
São perguntas
Sem resposta
E eu prefiro esperar do lado de fora
Vinte sete anos
Ainda acredito
Um destino
Um oasis à frente no caminho
Em busca de um pouco de paz
Em busca de um pouco de mim
Isso doeu demais
E embora pareça pouco
É o que posso dar
Errei tanto
Sempre
Dia a dia
Eu falo com Deus
Agradeço peço perdão
E suplico por perseverança
São tantas segundas chances
Que já perdi a conta
Eu tento ver o futuro
Aplacar a dor
Mas não há muito
As vezes é só continuar
E confiar que amanhã será diferente
As vezes tenho trinta
As vezes vinte
E só quero um pouco de paz
terça-feira, 14 de março de 2017
Em sistema estrangeiro
Não faço parte dos seus projetos
Não sou uma curva na estrada
Eu sou a estrada
Você diz ter meu guia de fábrica
Sempre me ferindo
Sangue do seu sangue
Minha vida pulsa só
Bati as asas
Sempre tão desprotegido
Cai do ninho e ganhei o mundo
Com os olhos virados
E razões circulares
Aprendi a ser só
Eu sei
No fundo, no fundo, devia haver alguma lógica
Eu sei
Talvez hoje a gente possa fingir que não existiu
Eu sei
Mas eu estou aqui
Ainda existo
E talvez não queira voltar atrás
Sinto muito
Vou puxar o gatilho
Não orbito em sistema estrangeiro
Nem sou caixa de areia
Cicatrizei essa ferida
Eu sou o sol
E queimarei seus olhos
Irradiando por todos os espaços
Vocês me sentirão mesmo na sombra
Não sou uma curva na estrada
Eu sou a estrada
Você diz ter meu guia de fábrica
Sempre me ferindo
Sangue do seu sangue
Minha vida pulsa só
Bati as asas
Sempre tão desprotegido
Cai do ninho e ganhei o mundo
Com os olhos virados
E razões circulares
Aprendi a ser só
Eu sei
No fundo, no fundo, devia haver alguma lógica
Eu sei
Talvez hoje a gente possa fingir que não existiu
Eu sei
Mas eu estou aqui
Ainda existo
E talvez não queira voltar atrás
Sinto muito
Vou puxar o gatilho
Não orbito em sistema estrangeiro
Nem sou caixa de areia
Cicatrizei essa ferida
Eu sou o sol
E queimarei seus olhos
Irradiando por todos os espaços
Vocês me sentirão mesmo na sombra
domingo, 12 de março de 2017
In between
Quanto mais eu vejo
Menos eu sei
E mais quero ir embora
Menos eu sei
E mais quero ir embora
segunda-feira, 6 de março de 2017
Paralelo
Trancado em um quarto
Sem ver o dia
Quando escurecia
Se era passado ou presente
Riscou as paredes
Mergulhou no chão
Bateu com a cabeça
Pediu por ajuda
Procurou nos pulmões
No meio da madrugada
Batiam na janela
Pediam pra entrar
Um choro sofrido
De longe
Com anéis tilintavam a grade
Enfiou a cabeça nos travesseiros
Ouvia os passos rondando a casa
Escutou pegadas no telhado
Gritos atormentados de loucura
Seis dias acordado
Acreditou não ter dormido
Talvez tivesse morrido
Ninguém respondia
Cortou-se
A dor esvaziava em vermelho viscoso
Sem saber como
Estava vivo
Mas onde
E quando?
sábado, 4 de março de 2017
Martin Eden
Navegaram
Nus correram para o mar
Enfrentaram as ondas
Tomaram os timões
Deram o rumo
Dia a dia
Confeccionaram asas de cera
Encantados
Voaram em direção ao sol
Sedentos
Beberam toda água do mar
Sozinhos
Traçaram um plano lunático
Fixados em um ponto
Miraram até cegar o mundo
O sal perdeu o gosto
O vermelho se tornou cinza
Distinguiam vagos fantasmas
Era um ponto
Um pódio
Um alvo
O sangue escorrido
Marcou o traçado
No fim
Não havia mais nada
A sede daquela conquista
Única
Insubstituível
Egoísta
Foi a marca das suas desgraças
Suas vidas escorreram entre os dedos
Mas o delírio não deixava sentir a dor
Lutando com seus moinhos
Esses homens carregaram suas tragédias
Naqueles últimos instantes
Nos últimos segundos
Mesmo tendo enfrentado o imenso e infinito nada
Em dias quase sempre nublados
Ao segurar o passaporte
Ao alcançar a terceira margem do rio
Qualquer um que os visse
Teria a plena certeza
Que o gosto amargo do arrependimento
Não os havia tocado
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