sábado, 4 de março de 2017

Martin Eden


Navegaram
Nus correram para o mar
Enfrentaram as ondas
Tomaram os timões
Deram o rumo
Dia a dia
Confeccionaram asas de cera
Encantados
Voaram em direção ao sol

Sedentos
Beberam toda água do mar
Sozinhos
Traçaram um plano lunático
Fixados em um ponto
Miraram até cegar o mundo

O sal perdeu o gosto
O vermelho se tornou cinza
Distinguiam vagos fantasmas
Era um ponto
Um pódio
Um alvo

O sangue escorrido
Marcou o traçado

No fim
Não havia mais nada

A sede daquela conquista
Única
Insubstituível
Egoísta
Foi a marca das suas desgraças

Suas vidas escorreram entre os dedos
Mas  o delírio não deixava sentir a dor
Lutando com seus moinhos
Esses homens carregaram suas tragédias

Naqueles últimos instantes
Nos últimos segundos
Mesmo tendo enfrentado o imenso e infinito nada
Em dias quase sempre nublados
Ao segurar o passaporte
Ao alcançar a terceira margem do rio
Qualquer um que os visse
Teria a plena certeza
Que o gosto amargo do arrependimento
Não os havia tocado












Nenhum comentário:

Postar um comentário