domingo, 27 de novembro de 2016

Tick tick boom!

Isso vai explodir
Vai voar pelos ares
Detonando tudo em um raio
De relações complicadas
E autoestimas destroçadas

Não é preciso dizer
Você pode gritar
O tempo não desacelera
E eu vou imprimir mais força

É um gerador
Uma avalanche
Talvez eu possa parar
Você me suplica
Calcula a explosão
Você pede um acordo
Uma moratória
Mas eu vou explodir com tudo

Meu bem, eu vou explodir com tudo!

Eu imprimo pressão
Aumento a tensão
Você grita mais alto
E me pede pra parar

Eu já não me importo, tome qualquer estrada!

Você me olha com olhos, perguntando se é o fim
Meu bem, eu não sei
Sou energia pura
Nitroglicerina
Tudo vai incendiar
As portas estão abertas

Você me chantageia
Em um surto psicótico inocente
Você pensou que eu ia parar
Meu bem, meu beem,
Se balancei a cabeça ontem
E porque tentei não te deixar ligar os motores...
Mas você é insistente!

As turbinas ligaram, pouco a pouco
Elas são autofágicas
Elas produzem adrenalina
Eu devolvo com nitroglicerina
Essa câmara de explosão tem um limite
Os reatores estão super-aquecidos
Você acionou o relógio
Agora o tempo voa

Meu bem, tudo vai pelos ares!

Nada vai restar ao meu lado!
Eu sou uma fênix
Mas você vai descansar no cemitério do meu esquecimento
Meu bem
Reze pra ser uma memória
É uma pena eu sei...

Podia ter sido diferente
Eu disse!
Ahh eu não queria,..
Minha querida
Eu coloco minha mão no seu rosto
Vejo seus olhos assustados
Tão diferentes de ontem
Eu sei, isso é monstruoso

Você brincou com gasolina
Com o fogo que te aquecia
Você me levou ao limite
Subestimou minha natureza...
Meu bem, eu te disse!
Seja nobre pelo menos uma vez

Mas meu bem, você só quis possuir tudo
Passar por cima
Como uma criança pobre em uma casa de doce
Eu tentei, suas aspirações burguesas
Suas frases formadas
Seu idealismo emoldurado
Tudo era tão novo pra mim

Agora você já não controla as chamas
Eu danço com uma parceira leve
A ventania me espalha por todos os cantos
Eu incendeio tudo
É o Ballet do fim do mundo
Vai consumir sua casa
Seu corpo, suas aspirações

A cada segundo uma explosão
Você chora mas suas lagrimas precisariam ser um oceano
Uma chuva torrencial
Forte, incorporada
Segura de si
Unica

Mas meu bem
Eu lamento
Você é só um coração rasteiro
Um ser temporal
E eu sou a vida, a cor, o sangue,o som, a fúria

Meu bem se segure
E tudo voara pelos ares
Os reatores estão no máximo
O timer se aproxima do zero
A câmara de combustão não aguenta mais
A casa está perdia no meio das chamas

Você me pede um último abraço
Mas já não estamos no mesmo plano
E eu não posso voltar atrás

É muito tarde!



Hate to say i told you so

Eu já fiz varias vezes
E eu vou repetir
Estava certo todo o tempo

É muito tarde, é muito cedo
Podia ser assim, podia ser diferente
Mas é muito tarde
É muito cedo
Eu vou fazer do meu jeito

Se lembre do seu lugar
Estou bem aqui
Mas não é bem assim
Não sei pelo que você esperava
Coloco os meus olhos na bomba
Eu tomo outro caminho

Repeti e previ
Detesto dizer
Eu sabia, eu quero, eu vou
Você pode chorar no meu ombro
Mas é muito tarde
É muito cedo
E vou fazer do meu jeito

Detesto dizer eu te disse
É cedo, é tarde
Não é a primeira vez
E eu sou porque eu quero
Eu posso
Porque eu vou






segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Eu sou o amor

Ah meu bem,
Se você soubesse..
Eu só quero amar estupidamente
Com a força de um tornado

Revirando tudo
Sem deixar pedra sobre pedra
Ah meu bem
Eu sou um rio caudaloso
Comprimido em margens estreitas

Ahh meu bem
Eu só espero de você o mínimo
Que seja leve
Que seja boa

Não custa muito não se vender por pouco
Eu sei
Parece difícil
O mundo nos cobra saber ferir

Mas eu te digo
O paradoxo da paz
É sua violência

Se amas com violência
A ti mesma, ao próximo
Se te respeitas com violência
A ti mesma, ao próximo
Terás paz

O grito fica guardado bem fundo
A fera que reina na floresta
Não aparece por acaso

A vida tenta nos fragmentar em pequenas coisas
Pequenos desejos mesquinhos
Pequenas necessidades forjadas
Como escravos querem que desçamos em uma arena
Onde o último sobrevivente se vangloria por estar só
Por ter passado por cima de seu igual

Meu bem
Sejamos fortes e violentos
Saibamos amar

E quando o medo bater em nossa porta
Saiba que eu também poderei estar assustado
Mas eu sou a fera
Eu sou o grito guardado
O rio que tudo arrasta
Então quando quiserem levar até o que você não tem
Quando disserem que já não há jeito
Que as coisas não vão bem
Lembre-se que você não estará sozinha

Mas você não é a sombra
A companhia
A passageira
Você é também a fera
O raio
A potência

Lembraremos um ao outro
Que não somos mortais
Que somos violentos
Que nossos olhos brilham
Que falamos com o mar
Com o tempo
Com o vento
E somos filhos do infinito

Eu só, sou mais um
Fútil, frágil, fugaz
Sem brilho
Sem cor
Sem raça


Eu te preciso
Eu te quero
Eu sou o amor


Asas de cera


Tenho andado por ai
Com meu crivo cruel
Lâmina afiada
Régua ajustada
Eu meço as partes
Separo o joio do trigo
Ascendo o fogo
E espero queimar

As vezes me pergunto
Se ainda sei o que é joio
O que é trigo
Afino a lâmina da verdade
Mas já não sei
Se trabalho com o lado certo da faca
Se o cego sou eu
Ou o fio da navalha

As vezes me sinto tão só
Tão cruel
Tão escravo dos meus parâmetros
Que a estrada parece pequena
Que as curvas parecem mais fáceis
Que já não sei se se trata de um dane-se
Ou comportamento destrutivo

Eu juro que eu queria
Estar errado as vezes
Que me ligassem numa tarde
Que agissem com a nobreza do rouxinol
Mas não acontece
Nada acontece
É só mais do mesmo
O deserto de almas

E assim vou vagando
Tentando ser forte
Procurando o lótus que nasce na água suja
As vezes, de longe, avisto uma ou outra for do campo
Chego perto,
As vezes só a aproximação já me diz que cheiram mal
As vezes me demoro
E vou conhecendo aos poucos
Mas são rosas

E com o perdão da ousadia
Mas rosas ferem rouxinóis
São flores fáceis
 Mal conhecem o sol
E a despeito da beleza, abrem-se sem nem saber porque

A flor de lótus
Vem pouco a pouco
Das profundezas dá água
Encontra o sol
E espera
Encanta o mundo
E depois se fecha
Para no outro dia se abrir de novo

A flor de lótus purifica à água
Floresce para a matriz da vida
Fica exuberante
Não morre
Tem paciência
Tem calma
Tem a leveza da água embora esteja presa ao solo
Finca suas raízes bem firme
Guarda um bulbo de energia

No sol mora a vida
O amanhã que sempre nasce
A clareza do dia

Mas o sol também alucina
Da espasmos
E nos leva a esperar o impossível
O incomtemplável
O toque no céu
A queda de Ícaro

Que minhas réguas, navalhas e crivos
Não sejam de cera




sábado, 12 de novembro de 2016

Que termine logo

Eu te disse
Disse que não
Que não era assim
Eu repeti meu não
Não, não, não

Disse que não era assim
Que tudo seria muito complicado
Eu disse
Eu tenho certeza
Mas vocês não entendem
Nunca entendem

Meu bem
Você é fantástica
Corajosa
Sincera

Meu bem
Você é água pura
Mas entenda
Isso não basta

Eu bem que tento
Eu juro que tentei
Todos me disseram que sim
Mas não é assim

Você me diz que não vai sofrer
Que vai assumir o risco
Mas a verdade é que eu me corto por dentro
Também queria entender
Mas minha alma não dá as mãos assim tão fácil

Eu sei, aquele dia
E tudo o mais
Eu sei, um índio não divide o corpo da alma
Eu sei

Mas a verdade é que não
Que as vezes o corpo fala
Mas em casa meu bem
Quando estou só
A ferida se abre

Que isso termine logo


Medo



Os fantasmas que passaram por aqui antes
Já não sabem me dizer como isso tudo se deu
Eu falo com as paredes
Mas eles não respondem

Perguntei sobre isso tudo
Esperei uma resposta certa
Minha voz fez eco
E eu já não sabia o amanha

Tive um sono pesado
Eu sou o passado
Eu te vi mais uma vez
É eu sei
As coisas não são assim

Segurei um grito de ansiedade
Meus óculos disfarçaram à lagrima

Tento segurar essa decisão
todos os dias

Ter força não é mais um atributo
Mas o que me mantem são
A cada manhã e noite sozinho
As vezes com mais gente
As vezes enfrentando a insônia

Os fantasmas que me atormentavam
Já não me atormentam mais
Todos caíram por terra
E agora estou só

Eu pergunto pelo próximo passo
Mas já não escuto nada

Acreditei nos meus medos e agora
Sou a sombra do vazio

Por todos os lugares que ando
Sinto o cheiro das baratas que tentam subir pelos meus pés
Por todos os lugares que ando
As memórias são o que me fazem ter esperança
Você era minha luz verde
Todo esse tempo
E eu não vi



Deep Water Horizon

Quando todo mundo já entregou os pontos
Quando você parece estar só
Em uma ideia fixa
Uma batalha que já não faz sentido

Em um deserto de almas
Bem vestido
Com os fones de ouvido
Ir ao cinema sozinho
Pedalar

Quando todo mundo parece inebriado
Em uma loucura coletiva
De fingir que tudo está bem
Quem sou eu?
Tem mais alguém aqui?

Águas profundas com pressão na alma
Mas não há barro
É quase translucido
Leve
É quase uma pena
Em um fluxo que parece não ter fim