segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A northern soul

Meu mundo definido
Com palavras prontas
Alertas e códigos para cada evento
Meus riscos calculados
Perícia
Prudência 

Vocês acham que eu cruzei a linha
Mas sempre estive no limite
Coração quente
Mente fria

Vocês me alertaram quanto ao calor
Mas o perigo sempre esteve no frio
A torrente polar não dança

Vocês me disseram que a terra cobra seu preço
Que encanta em suas coxas 
Que não há nada igual
Mas a avalanche vem de cima do equador 

Esse nariz rosado 
Olhos apertados
E um jeito todo acertado em ser desajeitada

Sou um latino
O norte não me convence
As embarcações do lácio sempre apontaram para o sul
Somos os filhos bastardos do sol 
Dos tambores
Nós não aprendemos a semear e esperar colher
Nossa alegria está no caminhar
Em conquistar

Mas o ártico
Ahh... o norte!
Com seus mares pequenos
Sua terra de impérios, histórias e batalhas
Sinfonias, filosofia, maquinas e matemática
Ahh
Esse norte nunca me convenceu!
Com suas salsichas e culinária de subsistência
Eu sinto a vida
Eu sou a vida
Meu coração se arma de sentido na beleza
No gosto, no cheiro
Despreza a razão 
E ainda que calcule os riscos..
Se arrisca!

Sou latino
Esse ser que se entrega pela metade
Esse filho bastardo
Avaliador de riscos
Que dança
Mas não se funde completamente na música
Nunca andará nu como um índio
Mas toma feliz três banhos ao dia 

Nossa natureza é essa incapacidade de ser completo
E ainda assim ser
Se completando na incompletude
Não fazemos sentido 

As terras do sul 
Sempre foram e sempre serão as únicas que importam
Seja no extremo leste do timor
No mar do caribe 
Ou no Congo...que nunca foi belga

Mas algo de estranho as vezes me acontece
Bagunça minha bússola 
E a estrela guia corre para o norte

A irracionalidade tão clara e prazerosa 
De um mar azul  ensandecedor
Se nubla em pinheiros e neve completando tudo
Minha adrenalina sobe
E meu mundo se inverte

Queria não fazer sentido assim fazendo
Não ser claro assim sendo
E tudo estaria mais ou menos organizado
Planejado
Mas uma corrente de ar arrebentou por minha janela
 Vejo 
A direção e o sentido de um mundo que não é o meu
Mas que me arrasta
Me puxa com violência
Arrebata
E me faz feliz 





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