sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Vinho azedo

Então mais uma vez você perdeu
Os pontos serão entregues
Não importa muito quem está certo ou errado
Você assumirá a derrota
Sem querer louros
Palavras de afago

Isso não é sobre ser bom
É sobre ter paz
Você aguentará a pancada
Isso doí demais
Te rasga por dentro

Você adiou a queda
Não quis dar um passo atrás
Você sabia
No fundo sempre soube
O preço era alto
E ainda assim jogou suas cartas

Pagando por sua loucura
Por palavras afiadas
“Você não é tão bom em saber!? me diz o que é então!”
Eu sei meu caro
Mais do que você imagina

Sei inclusive quando não deixei pontos de saída
Sei inclusive quando arrisquei demais
Sei inclusive quando perder alguém
Faz parte do processo

Sei quando me doei e não devia

Minha mente quase entra em colapso
Meu coração sente pontadas
Meu estômago se complica
Tenho insônia
Só queria que as coisas fossem mais simples

Mas eu pequei
Eu disse o que não devia ser dito
Dei pinceladas bruscas
Passei por cima dos medos
Sairei mais uma vez
Assumindo  escolhas

Dar beleza aos últimos atos
Encerrar as peças
Não ser mesquinho
Mentiroso
Descortês
Hipócrita

Ser grande
O suficiente para não ter medo de estar só
Ser grande
O suficiente para não querer estar certo
Ser grande
O suficiente. somente o suficiente

Enorme precioso e certeiro
Você é um monstro
Devorando tudo
Não bebe água suja
Não compartilha vinho azedo


Só hoje....

A faca está sendo afiada agora
Amanhã pela manhã
Ela entrará cortante e impiedosa
No peito de um ano de história
Desmoronando paredes que se supunham sólidas
Tudo ira pelos ares
Fogos ardentes arrebentarão antes da passagem 

Pela noite a festa correu 
Mas ao nascer do dia
Não pouparei a realidade
Certo que doera e doí... mais em mim 


domingo, 11 de dezembro de 2016

Sete personas, sete máscaras, uma pessoa...

Alguém abriu a caixa
E de alguma forma
Gatsby foi relido...




Sete personas
Uma pessoa
Me rondam
Entoam cantos
Gritam alto
Voam baixo
Dão rasantes
Abrem suas  asas
Mostram sua envergadura

Eu não sou um príncipe
Um caçador
Me coroei
Arranquei meu título com as próprias mãos
Não sou uma lenda
Eu vivo

Sete personas
Um baile
Dançamos
Escorremos pelo patio nosso sangue
Tiramos nossos sapatos
Pisamos nos cacos
Olho em cada máscara
Pra tentar encontrar a lágrima que cai

Meu Deus
Eu não sou tão bom assim
Faço minhas escolhas
Não sei quão cego estou
A beleza inebria meus sentidos
Espero um porto seguro
Mas eu sei que ela
Que chora
Que sente
Me exige mais que o óbvio
Não vejo através da mascarra
Eu sou uma farsa
Não enxergo a pessoa

Sente ao meu lado
Bem perto de mim
Olhe nos meus olhos
Reorganize meus sentidos
Desoriente minha razão

Vem cá
Esse lugar está vazio
Seus olhos são a meia noite ou o nascer do dia?
Você é a juventude certeira ou a esperança depois do tsunami?
Eu não te conheço
Mas você me seduz
Sete personas
Sete máscaras
Uma pessoa
Quem será você?
Odette? Odile?




domingo, 27 de novembro de 2016

Tick tick boom!

Isso vai explodir
Vai voar pelos ares
Detonando tudo em um raio
De relações complicadas
E autoestimas destroçadas

Não é preciso dizer
Você pode gritar
O tempo não desacelera
E eu vou imprimir mais força

É um gerador
Uma avalanche
Talvez eu possa parar
Você me suplica
Calcula a explosão
Você pede um acordo
Uma moratória
Mas eu vou explodir com tudo

Meu bem, eu vou explodir com tudo!

Eu imprimo pressão
Aumento a tensão
Você grita mais alto
E me pede pra parar

Eu já não me importo, tome qualquer estrada!

Você me olha com olhos, perguntando se é o fim
Meu bem, eu não sei
Sou energia pura
Nitroglicerina
Tudo vai incendiar
As portas estão abertas

Você me chantageia
Em um surto psicótico inocente
Você pensou que eu ia parar
Meu bem, meu beem,
Se balancei a cabeça ontem
E porque tentei não te deixar ligar os motores...
Mas você é insistente!

As turbinas ligaram, pouco a pouco
Elas são autofágicas
Elas produzem adrenalina
Eu devolvo com nitroglicerina
Essa câmara de explosão tem um limite
Os reatores estão super-aquecidos
Você acionou o relógio
Agora o tempo voa

Meu bem, tudo vai pelos ares!

Nada vai restar ao meu lado!
Eu sou uma fênix
Mas você vai descansar no cemitério do meu esquecimento
Meu bem
Reze pra ser uma memória
É uma pena eu sei...

Podia ter sido diferente
Eu disse!
Ahh eu não queria,..
Minha querida
Eu coloco minha mão no seu rosto
Vejo seus olhos assustados
Tão diferentes de ontem
Eu sei, isso é monstruoso

Você brincou com gasolina
Com o fogo que te aquecia
Você me levou ao limite
Subestimou minha natureza...
Meu bem, eu te disse!
Seja nobre pelo menos uma vez

Mas meu bem, você só quis possuir tudo
Passar por cima
Como uma criança pobre em uma casa de doce
Eu tentei, suas aspirações burguesas
Suas frases formadas
Seu idealismo emoldurado
Tudo era tão novo pra mim

Agora você já não controla as chamas
Eu danço com uma parceira leve
A ventania me espalha por todos os cantos
Eu incendeio tudo
É o Ballet do fim do mundo
Vai consumir sua casa
Seu corpo, suas aspirações

A cada segundo uma explosão
Você chora mas suas lagrimas precisariam ser um oceano
Uma chuva torrencial
Forte, incorporada
Segura de si
Unica

Mas meu bem
Eu lamento
Você é só um coração rasteiro
Um ser temporal
E eu sou a vida, a cor, o sangue,o som, a fúria

Meu bem se segure
E tudo voara pelos ares
Os reatores estão no máximo
O timer se aproxima do zero
A câmara de combustão não aguenta mais
A casa está perdia no meio das chamas

Você me pede um último abraço
Mas já não estamos no mesmo plano
E eu não posso voltar atrás

É muito tarde!



Hate to say i told you so

Eu já fiz varias vezes
E eu vou repetir
Estava certo todo o tempo

É muito tarde, é muito cedo
Podia ser assim, podia ser diferente
Mas é muito tarde
É muito cedo
Eu vou fazer do meu jeito

Se lembre do seu lugar
Estou bem aqui
Mas não é bem assim
Não sei pelo que você esperava
Coloco os meus olhos na bomba
Eu tomo outro caminho

Repeti e previ
Detesto dizer
Eu sabia, eu quero, eu vou
Você pode chorar no meu ombro
Mas é muito tarde
É muito cedo
E vou fazer do meu jeito

Detesto dizer eu te disse
É cedo, é tarde
Não é a primeira vez
E eu sou porque eu quero
Eu posso
Porque eu vou






segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Eu sou o amor

Ah meu bem,
Se você soubesse..
Eu só quero amar estupidamente
Com a força de um tornado

Revirando tudo
Sem deixar pedra sobre pedra
Ah meu bem
Eu sou um rio caudaloso
Comprimido em margens estreitas

Ahh meu bem
Eu só espero de você o mínimo
Que seja leve
Que seja boa

Não custa muito não se vender por pouco
Eu sei
Parece difícil
O mundo nos cobra saber ferir

Mas eu te digo
O paradoxo da paz
É sua violência

Se amas com violência
A ti mesma, ao próximo
Se te respeitas com violência
A ti mesma, ao próximo
Terás paz

O grito fica guardado bem fundo
A fera que reina na floresta
Não aparece por acaso

A vida tenta nos fragmentar em pequenas coisas
Pequenos desejos mesquinhos
Pequenas necessidades forjadas
Como escravos querem que desçamos em uma arena
Onde o último sobrevivente se vangloria por estar só
Por ter passado por cima de seu igual

Meu bem
Sejamos fortes e violentos
Saibamos amar

E quando o medo bater em nossa porta
Saiba que eu também poderei estar assustado
Mas eu sou a fera
Eu sou o grito guardado
O rio que tudo arrasta
Então quando quiserem levar até o que você não tem
Quando disserem que já não há jeito
Que as coisas não vão bem
Lembre-se que você não estará sozinha

Mas você não é a sombra
A companhia
A passageira
Você é também a fera
O raio
A potência

Lembraremos um ao outro
Que não somos mortais
Que somos violentos
Que nossos olhos brilham
Que falamos com o mar
Com o tempo
Com o vento
E somos filhos do infinito

Eu só, sou mais um
Fútil, frágil, fugaz
Sem brilho
Sem cor
Sem raça


Eu te preciso
Eu te quero
Eu sou o amor


Asas de cera


Tenho andado por ai
Com meu crivo cruel
Lâmina afiada
Régua ajustada
Eu meço as partes
Separo o joio do trigo
Ascendo o fogo
E espero queimar

As vezes me pergunto
Se ainda sei o que é joio
O que é trigo
Afino a lâmina da verdade
Mas já não sei
Se trabalho com o lado certo da faca
Se o cego sou eu
Ou o fio da navalha

As vezes me sinto tão só
Tão cruel
Tão escravo dos meus parâmetros
Que a estrada parece pequena
Que as curvas parecem mais fáceis
Que já não sei se se trata de um dane-se
Ou comportamento destrutivo

Eu juro que eu queria
Estar errado as vezes
Que me ligassem numa tarde
Que agissem com a nobreza do rouxinol
Mas não acontece
Nada acontece
É só mais do mesmo
O deserto de almas

E assim vou vagando
Tentando ser forte
Procurando o lótus que nasce na água suja
As vezes, de longe, avisto uma ou outra for do campo
Chego perto,
As vezes só a aproximação já me diz que cheiram mal
As vezes me demoro
E vou conhecendo aos poucos
Mas são rosas

E com o perdão da ousadia
Mas rosas ferem rouxinóis
São flores fáceis
 Mal conhecem o sol
E a despeito da beleza, abrem-se sem nem saber porque

A flor de lótus
Vem pouco a pouco
Das profundezas dá água
Encontra o sol
E espera
Encanta o mundo
E depois se fecha
Para no outro dia se abrir de novo

A flor de lótus purifica à água
Floresce para a matriz da vida
Fica exuberante
Não morre
Tem paciência
Tem calma
Tem a leveza da água embora esteja presa ao solo
Finca suas raízes bem firme
Guarda um bulbo de energia

No sol mora a vida
O amanhã que sempre nasce
A clareza do dia

Mas o sol também alucina
Da espasmos
E nos leva a esperar o impossível
O incomtemplável
O toque no céu
A queda de Ícaro

Que minhas réguas, navalhas e crivos
Não sejam de cera




sábado, 12 de novembro de 2016

Que termine logo

Eu te disse
Disse que não
Que não era assim
Eu repeti meu não
Não, não, não

Disse que não era assim
Que tudo seria muito complicado
Eu disse
Eu tenho certeza
Mas vocês não entendem
Nunca entendem

Meu bem
Você é fantástica
Corajosa
Sincera

Meu bem
Você é água pura
Mas entenda
Isso não basta

Eu bem que tento
Eu juro que tentei
Todos me disseram que sim
Mas não é assim

Você me diz que não vai sofrer
Que vai assumir o risco
Mas a verdade é que eu me corto por dentro
Também queria entender
Mas minha alma não dá as mãos assim tão fácil

Eu sei, aquele dia
E tudo o mais
Eu sei, um índio não divide o corpo da alma
Eu sei

Mas a verdade é que não
Que as vezes o corpo fala
Mas em casa meu bem
Quando estou só
A ferida se abre

Que isso termine logo


Medo



Os fantasmas que passaram por aqui antes
Já não sabem me dizer como isso tudo se deu
Eu falo com as paredes
Mas eles não respondem

Perguntei sobre isso tudo
Esperei uma resposta certa
Minha voz fez eco
E eu já não sabia o amanha

Tive um sono pesado
Eu sou o passado
Eu te vi mais uma vez
É eu sei
As coisas não são assim

Segurei um grito de ansiedade
Meus óculos disfarçaram à lagrima

Tento segurar essa decisão
todos os dias

Ter força não é mais um atributo
Mas o que me mantem são
A cada manhã e noite sozinho
As vezes com mais gente
As vezes enfrentando a insônia

Os fantasmas que me atormentavam
Já não me atormentam mais
Todos caíram por terra
E agora estou só

Eu pergunto pelo próximo passo
Mas já não escuto nada

Acreditei nos meus medos e agora
Sou a sombra do vazio

Por todos os lugares que ando
Sinto o cheiro das baratas que tentam subir pelos meus pés
Por todos os lugares que ando
As memórias são o que me fazem ter esperança
Você era minha luz verde
Todo esse tempo
E eu não vi



Deep Water Horizon

Quando todo mundo já entregou os pontos
Quando você parece estar só
Em uma ideia fixa
Uma batalha que já não faz sentido

Em um deserto de almas
Bem vestido
Com os fones de ouvido
Ir ao cinema sozinho
Pedalar

Quando todo mundo parece inebriado
Em uma loucura coletiva
De fingir que tudo está bem
Quem sou eu?
Tem mais alguém aqui?

Águas profundas com pressão na alma
Mas não há barro
É quase translucido
Leve
É quase uma pena
Em um fluxo que parece não ter fim


domingo, 23 de outubro de 2016

A próxima etapa

Estou de volta
Àquele estado
Como uma farpa no pé
Uma dor constante me espezinha a alma
Caminhando sobre a mira da verdade
No nada que se afigura entre um sonho e outro

Me dei conta do limbo
Das meias verdades
Dos vazios recíprocos autossustentados
Estou aqui de passagem
Eles eu não sei

A próxima etapa me pede resultados
A próxima etapa me pede renuncias
A próxima etapa me pede cortar a própria carne
A próxima etapa me pede coragem
E aqui vou eu

Excelente

Limpando tudo 
Tirando o pó da alma 
Preciso respirar novamente 
Queria te dizer um oi 
A dois mil quilômetros de distância 
Queria fingir que isso tudo pode ser real
Mas eu sei e você sabe 
Mas do que eu 
As coisas não são assim 

O tempo passou 
E essa ferida nunca vai curar 
Mas aqui estamos 
A vida é só uma
E se não pode ser excelente
Pode ser boa 

A rider

Caminhando na fronteira
O lugar exato da divisa não sei dizer
Mas eu vou
E eu sei
Que se não virar loucura
Vira resultado
E saio mais forte

Eu jogo com o perigo
E eu sei
Eu sinto os calafrios
Atravesso a lógica
Coloco em cheque o certo
Inspiro um ar que me rasga as entranhas
Sou um corredor
Um sobrevivente


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Bem

Escrevo mal
Com descaso
Não reviso o que produzo
Mas de alguma forma esse é o lugar do erro
Aqui eu sou

Seja como for
O recomeço de uma jornada
Tomou outros caminhos
Talvez um atalho
Talvez um erro de percurso
Mas o certo é que recomeçou
E espero que agora seja de uma vez
Sem olhar para trás
Sem olhar para os lados
Só pra frente
E ai, uma vez lá
Vou poder escrever
Sonhar
Velejar
Presentear
Ler
Produzir
Dormir
Pedalar
Eu quero que estudar se torne um vício
Estudar e esporte
Para que possa chegar lá
BEM!

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Alucinado

Alucinado
Eu sou o tempo
Desconcertado
Procuro a chave

Eu bato na porta mas não me escutam
Eu arrebento a porta
Eu chuto
Até sangrar
Eu sou o sobrevivente

Grito com fúria
Passo por cima de tudo
Eu voltei
Com força
Como um tornado
Vou arrasar com tudo
Vou queimar até a última brasa
Sou o corredor
O sobrevivente
De peito aberto

Eu nunca morrerei 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

O fiapo


Ventou forte hoje aqui
Da janela vi o vento
Sacudir com força o pé de algodão

Fez uma manhã linda
Esperamos meses pela chuva
E ela veio majestosa
Limpando a seca
Deixando leve o ar
Eu respirei fundo e senti o tempo

Sabe, eu queria poder entender melhor
São segredos que me escapam entre os dedos
Talvez se eu soubesse eu pudesse controlar

Com o vento o fiapo do algodão voou longe
Em uma dança descontrolada rumo ao desconhecido

Foram anos lutando contra a fúria do incompreensível
Foram páginas e mais páginas
Medo, desânimo, desespero
E a sensação temporária de que tudo tinha passado

Mas sempre que o vento batia eu me balançava
E tudo que queria...era que aquilo tudo parasse e então...
Me repousasse no  nada absoluto
Seguro, tranquilo, sem som, sem fúria!

Mas, meu Deus!! Eu som, sou fúria!
E agora a tempestade volta..
Impiedosa!

A chuva acalenta minhas entranhas ressecadas
A memória me transporta para um dia assim
Anos atrás

Eu confesso! Tenho medo!
Mas será ainda possível
O fiapo de algodão não ser carregado pela tempestade?





quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Novos beduínos

Escute-me respirar e me diga se ainda vivo
Não posso mudar o que fiz na vida
O tempo que tanto me escorria agora aprisiona
Em algum ponto perdi o fio que me ligava ao mundo

Corre o fogo em meus olhos num replay
Nada de novo nas ultimas fronteiras
Vim rápido nessa estrada
Alcancei um deserto que parece não ter fim
Temo já não saber o quanto é areia o quanto sou eu
Temo já não saber se perdi as direções
Se sou o próprio tempo
O próprio deserto

O mormaço me tira as forças
Ando pra frente tentando recompor o passado
Uma nova caravana
Novos beduínos
Até que a areia tome novamente minhas entranhas
Eu me canse

E diga adeus 

terça-feira, 12 de julho de 2016

Cedo

Trabalha sem sofrer
Tem propósitos
Dorme tarde
Acorda cedo
Sonha e descansa em paz
Coração manso
Desconstruindo fortalezas de medo
A fênix canta alto de manhã
E enquanto ela cantar haverá esperança



A fênix

Que marquem no calendário
A fênix nasceu de novo
Para o centenário
Para a era de aquário
A fênix renasceu e dessa vez promete
Vai viver pra sempre


Meta

Você sabe
sem dor as palavras não correm
caminham tortas
tropeçando
e o que de melhor pode ser feito é uma metalinguagem
Mentira
O melhor que pode ser feito
é observar toda a arte do mundo
Deixar de escrever e fazer com que a poesia se torne vida
Eu tenho alma
Mas não sou um soldado
Eu amo
Não sei bem o que
mas eu AMO
e isso é isso


terça-feira, 5 de julho de 2016

Você

Eles precisam de você
Querem acreditar mais um dia
Descansar as cabeças nos travesseiros
Pensar que você está lá
Velando o sono
Convicto em alguma verdade que vai redimir o mundo

Mas quando eles percebem que você se tornou mais um
Que seus sonhos morreram de frio em alguma esquina
Que já não há muito o que fazer
Numa hipocrisia tocante e tão real...
 Afirmam
"Mas aquela pessoa que eu conheci não era assim..!"
Aquela pessoa merece um epitáfio
Já não está entre nós!
E você, pra não chatear ninguém
Pra lidar com seus próprios cadáveres
Não diz que aquela pessoa morreu de fome
Que aquela pessoa desconstruiu cada  pequena crença
Para então viver o nada
Para se alimentar da fartura de coisa nenhuma que o rodeia
E abandonar o solitário mundo da substância
Você simplesmente diz que mudou
Coloca seus óculos escuros
E se esconde entre as marquises, vidraças, ar condicionado e gordura saturada



segunda-feira, 6 de junho de 2016

Mais um dia

Respiro fundo
Não sei bem o que fazer
Apenas vou

Produzo pouco
Rendo nada
Eu só quero pegar a estrada
E isso há dias
Eu só quero procrastinar mais um minuto
Fingir que não estou aqui

Todos os dias planejo comprar aquela garrafa
Todos os dias eu sobrevivo mais um
Todos os dias  sonho ter dinheiro para gasolina e pneus

Encosto a cabeça no travesseiro
Tento acreditar que é só cansaço
Acordo com os pés no chão empoeirado
Vou até a sala
A desordem dita o ritmo

Volto pra casa
Escuto música por horas
Penso nos pneus
Penso no meu carro
Mendigo um pouco de atenção
Tenho fome

O ácido das obrigações corroí meu estômago
Sei que é fácil
Sei que consigo
Sei que sou bom
Mas simplesmente não consigo
Simplesmente não sou bom
E algo sempre me diz não

Ainda não aprendi a trair meus sonhos
As auto sugestões  são um fracasso
Sou uma promessa a cumprir
Eu sabia desde o começo
Mas não havia muito o que fazer

Mas amanhã será um novo dia
Com novas possibilidades
E mais uma chance de virar a mesa...




terça-feira, 17 de maio de 2016

It's a new day, it's a new life


Sou o sobrevivente
Sou o sangue talhado que volta a correr
Sou o plano que deu errado

As vezes descompassado
Sou como qualquer um
Me pergunto na calada da noite
Sentindo a saliva amarga
Se algo tem feito sentido enquanto o tempo me escorre pelos dedos
Sem muito o que temer
Pouco a perder

Sozinho em um caminho de labirintos
Posso fazer a aposta
Mas  sempre espero...
Ahh... eu sempre espero!
Uma mão que possa me guiar
Alguém de quem eu possa cuidar

O filme infeliz me rasga as entranhas
"Felicidade só existe se compartilhada"
Como se não soubesse...
Mas sou a promessa de mim mesmo
O avalista de meus sonhos
O lugar seguro das minhas derrotas
Eu sou a força dos meus olhos
E amanhã me infligirei dores suportáveis 
Retomando o fio condutor da descarga elétrica do  caminho solitário
Escalarei a montanha
Se preciso com os dentes...

Talvez o cume...
Não seja assim tão solitário
Bem vindo Gatsby, te abro as portas do passado
Tudo indica que será um inferno
Mas quem sabe  possamos fazer diferente
Bem vindo Gatsby
Miraremos a luz verde e enquanto não à alcançarmos tudo será devorado
No nosso imenso desejo de completude em realizações terrenas
Bem vindo Gatsby
Nós só precisamos dela
Que é impossível
Que é fútil
Que nós sabemos que não existe
Que ofusca toda e qualquer luz
Promessa de uma realização transcendental

Bem vindo Gatsby
Pra solidão sem fim
Primeiros erros, eu e você, e mais nada
Bem vindo Gatsby
Lembrar que não temos casa
Não temos geração
Nem porto seguro

Rasgaremos as noites
Rasgaremos às manhãs
Rasgaremos a  humanidade
A dignidade, o cansaço
E quando nos disserem que estamos loucos
Riremos com o sorriso distante de quem não compreende a pergunta
Porque Gatsby....essa é a nossa força!
Somos catalisadores da dor
E que Deus nos perdoe meu amigo!!!!






sexta-feira, 13 de maio de 2016

Nada errado

Bem
essa é apenas uma canção simples
para dizer o que tenho feito
eu disse isso para as outras pessoas e elas tem corrido
mas você precisa forte
e depois se sentira como um oceano aquecido pelo sol

Quando eu tinha apenas nove anos
minha vida era um leque de opções
eu podia ser um astronauta
eles me disseram que eu podia
nada errado
e eu podia estar correndo todo o dia
até bater minha cabeça na quina de uma porta


Eu andava pela lua enquanto caminhava pela casa
fazia uma canção para você
dançava um som que não entendia

Mas se você consegue escutar
eu ainda não entendo
e enquanto caminho tomo cuidado
despisto as crateras lunares
eu sou um artista

Danço em baixa gravidade uma nova música
faço uma canção
e trabalho pensando em como aquela história termina
pra começar uma outra

Meu bem eu tenho procurado por mais
mas eu não estou aqui
procurando um jeito de desaparecer
nessa manhã domingo
o sol aquece meu rosto e todo um oceano

Se você pode ser forte
me dê a mão
vamos desacompanhar
o cometa que atravessa nossas vidas
irradiar um sonho bom 


sábado, 7 de maio de 2016

Mostly


Naquele final de tarde
Nos olhamos com o olhar
De saber que não queríamos ir pra casa
Você me sorriu
Minhas asas bateram
Em um redemoinho
Se levantou a poeira dos nossos pés

O sol se punha ainda laranja
Esperamos o azul se fundir no lago
Tocamos o céu
Dando rasantes
No espelho d'água de nós mesmo
Enquanto a noite nos dizia
Que ia cair suave escurecendo cada pequeno canto
Enquanto o céu em pano de fundo preto
Chamava uma a uma
As atrizes do teatro das galáxias

O tempo nos dizia que já era hora de partir
Mas nós, maior que o tempo, decidimos ficar