domingo, 29 de outubro de 2017

Águias

Ei meu bem
Faz tanto tempo
Que eu já não crio algo assim
Tão meu
Tão parte de mim

Escrever é um pouco como sonhar
Tirar os pés do chão
E deixar a alma falar

Não é métrica
Não é rima
Um desconcerto concertado
Emaranhado
Simetricamente amarrado

No ápice do ser, uma partitura
Palavras desenhadas
Encouraçadas
Macias
Aveludadas

Uma chave de sentidos
O mais particular de mim
Tão egoísta
Tão meu
Destrinchado em mim

Tive medo
Racionalizei
Repeti em um encadeamento argumentativo
Reto
Início meio e fim
O que você é pra mim
Mas a lógica é um projétil com curso calculado
Não flutua
Não se deixa levar

Fui além
Soprei macio um eu te amo
Essa ave em forma de frase
Que tão violentamente gritava no cárcere do meu peito
Temia que uma vez solta ela nunca mais voltasse
Sem trajetória ou percurso certo
Rebelde
Intransigente
Imprevisível
Pousou sobre os meus ombros
Soberana
Altiva
Cantando um canto paradisíaco

Agora somos um só
Eu e você ligados por essa águia investida em fogo
Mestres de falcoaria
Enxergando tão longe por olhos com os quais não nascemos
Somos uma lenda
Voando alto no horizonte
Balizados pelo infinito
Cumprindo se aqui agora
Essa profecia tão poderosa
De duas pessoas
Que se amando

Alcançaram o céu 

quarta-feira, 28 de junho de 2017

O Rei e o corvo

Alguém me diz algo sobre o que pode passar
Dizem que tudo, como a lua,  sempre mudará

Ehh...
Escuto um som, dedilho a imaginação
Canto uma canção
Eu paro o tempo
Danço no infinito
O meu movimento dispersa a agenda
Cancela um compromisso

Algo de razão me vem no ouvido
Não pode ser o que não se pode explicar
Um teorema da conta de leis
Do que nasce, enraíza
Vive e se metamorfiza

Ehh...
Meus olhos consomem toda a chama
Devoram o sertão
E se aplacam no oceano
Sereno os pés no chão
E me fundo no horizonte

Um pássaro canta triste uma melodia
Foge das ondas e não pode bater as asas
Diz que não é possível
Que não pode ser
Que nunca será
Equaciona meus sonhos
Não me olha nos olhos
Na sua frente...
A morte!  Sua única verdade
E por saber-se mortal definha a vida

Ehh...
Dou mais um mergulho
Sinto leve minha coroa
A noite cai
Estrela a estrela
No firmamento do infinito
Eu sou um rei
Atemporal
Pleno
E na minha frente...

O impossível

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Mais real do que o rei

Melhor do que ninguém
Você sabe que uma parte de mim ainda arde
Em carne viva

Eu tenho lutado pra me manter em pé
Isso queima como o sol do meio dia
Em cicatrizes com carne podre
Eu respiro difícil
Mas vou até o fim

O fio que me liga ao passado
Foi cortado e perdido
Dias ensolarados

No espelho um estranho me fala
Eu vou em frente
Sem saber até onde
Dirijo meu carro
Paro na conveniência
Vejo o tempo passar

Você sabe
Pelo que passei
E tenho passado
Você é esperta e enxerga a carcaça
Que nenhuma camisa esconde

Mas se o melado das feridas
E o cheiro de podre ainda impressionam
Se a carne viva e o enxofre ainda queimam
Saiba que não estou derrotado
Ainda vivo

Algo de novo começa a nascer
E o sol na minha face começa a aquecer
Aos poucos não arderá mais

E eu repito...
Começo a me sentir como um oceano aquecido pelo sol
Não pense que procuro estar entorpecido
Com uma mulher bonita que me dê paz
Mas não amor

Sem muitas metáforas
E rimas
Quero gritar bem alto
Eu estou feliz
E acelero mais e mais pra sair desse túnel

É duro dizer
É triste...
Mas o que você tem de inteligente você tem de má
Isso não precisa ser assim
E não vai ser!
Respeite o meu amor
Respeite o meu querer

É, eu estive bem acabado
Mas não o suficiente pra não acreditar
Pra me esquecer de mim
Sou mais real que o rei

Seu apoio drenante
Sua presença pesada

Estou feliz e isso dá medo
Tente se colocar no meu caminho
E cabeças vão rolar
As adversidades foram uma usina de força
Eu nunca soube escrever bem
Sem muitas metáforas
Eu espero que você me entenda










segunda-feira, 29 de maio de 2017

Like a dragon-fly

Like a dragon-fly
I was walking alone today
I saw nobody
I was thinking about us
About things that I don´t know if I need to say
Or keep with me

I'm a hot blooded guy...
But  I'm old,  and time makes me wiser
In a twisted water I can't see the lake
Like a dragon-fly
I need  precision and agility
I don't land to be drowned

Even with butterflies in my stomach
I'm freezing my mind
Even with a loud scream in my throat
I close my teeth  and I make a half-smile

Somebody said something about age
And you know me...
I wish to say 'I don't care'
But baby... I do care
I really do!

I'm over analyzing everything
This is the way I live
This is the way by which I came here
With my code, my fate, my supersticion
My power

Somebody said something about time and plans
And the agent of the phrase is not important
They will always say something
If you want to be, to make the difference
To conquer your freedom
Listening  becomes a dangerous and necessary exercise

I sail recalling  the advices
The memories
I use my tricks to survive
But the ocean is never the same
Experience can help you to get back to the beach
To the coast, to your land

But baby...
If you want to cross the sea
If you want to see the mystery pointed by a star
More than experienced and capable of listening
It's necessary to be brave and inventive
And that's what I am

Like a dragon-fly
Or a shark
Or even... Like a...
Beautiful, powerful, kind and big...

Whale

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Only you

Vou me fundir no meu sonho
Ou na minha tristeza
Queria poder pagar alguém 
Pra eu esquecer quem eu sou 

Essa dor me corta
É meu medo e desespero

Já sentindo 
Eu temo pela projeção 
Só queria sair disso 

Eu tenho fobia 
Um burguês amedrontado 
Não vou me jogar de nenhuma janela 
Mas eu temo os remédios
O pânico...

Quão grande será essa dívida?
Quanto ainda preciso pagar?
Tenho tentado, tenho seguido, tenho me esforçado
Quanto tempo viverei com seu fantasma?
Só peço por um pouco de paz...

Preciso de você e só de você
Quero acreditar que posso recomeçar 
Com uma bela distração
Mas eu sei, não é assim 

Quero te provar de novo 
Como um segredo ou uma maldição

O tempo tem ficado frio novamente
E as miragens me aparecem 
Mas já não sou o mesmo

Quero voltar pra casa
O quer que seja que isso queira dizer
Quero voltar 

Preciso de você
E só de você 

Mas as coisas não são assim 
É tempo de ser forte 
No limite novamente
Noites cada dia mais frias

Eu só quero meu lar
Onde quer que esteja 


quinta-feira, 30 de março de 2017

Em toda esquina

Talvez eu tenha tudo
O mundo me sorri
Abre os braços
Me beija
Me acolhe
Me acalenta

O mundo me encoraja
Me motiva
Me da propulsão

Mas eu não sou o mundo
Eu sou minha casa
Minha única casa
A primeira
A verdadeira

Mas eu nunca tive permissão pra entrar
Nunca pude estar nu no meu local de origem
Forçaram me a usar um traje roto
Mal colocado
Mal medido
Mal costurado

Fui expulso aos poucos
Sem que essas palavras fossem ditas
Mas eu podia ouvir
Tocar e sentir
E saber que eu não devia estar ali

Em toda esquina
Alguém me protege
Me beija
Me convida pra entrar

Mas sem um lugar pra voltar
Sou sempre forasteiro
Com minhas malas prontas
Meus planos desconfiados

Na minha terra sou filho pródigo
Elemento de instabilidade
Caos
Desespero

Não há retorno
Mas ainda assim procuro o caminho
Ainda assim sou minha casa
Meu templo

Por que meu caro?

Ricardo...
Uma tentativa de profecia 
Desde sempre
Desde o começo

Mas você não é a promessa
Não é o sangue
Em algum lugar te esqueceram
Fizeram do herdeiro o bastardo
E isso é tudo...
Não há muito o que ver
Muito com o que se preocupar...

Te colocaram fora da gaiola
Te trataram como estrangeiro

Na sua síndrome de Estocolmo
No peso e no vazio de sentir-se o descumpridor do pacto
Incompetente 
Divergente 
Fracassado 
Você ainda crê na terra prometida
Nos dias de bonança 
Na reconciliação 
No juramento tácito
Daquele agosto vinte e nove

Meu filho
Meu amigo
Meu caro
Meu companheiro 

O mundo te deu a mão
Te criou como legítimo 
Te aqueceu o coração
Secou suas lágrimas 
Não temas nada

Essa Jihad não é santa
Esse espaço vital tampouco
Não há terra prometida
Seu jardim é o globo

Respire fundo
Não há solidão
Encontre-se em si 

Abra espaço para o infinito
Não olhe para trás 

Seu nome
Seu título 
Isso já não existe
É terra arrasada 

Você foi rebatizado
Requalificado 
Resignificado 
Renascido 

Você abdicou ao seu trono
Ao seu reinado
A sua história 

Deixe o novo florescer 
O sublime ter significado

Por fim...
A esfinge não te devorou
Eu te encontrei
Me fundi em você 
E agora somos outro


Já não há sinais
Nem profecias 
Muito menos medo

Arrebente-se em amor





Para que eu me lembre

Fico tão triste
Sozinho e confuso
Não sou a carcaça de metal pretendida

As noites são ao mesmo tempo
Um refugio e um desespero
Sempre à procura de alguém
Pra preencher esse espaço de solidão

Não quero me encontrar comigo mesmo
Ver minha face
Encarar o tempo

Qualquer companhia é melhor do que nada
Mas você sabe e eu sei
É a lua refletida na água

Meu peito queima uma dor fina e extensa
Aprendi a me drogar
Me enganar
Libero minha endorfina
Dopamina

Nada quimicamente artificial
Mas psicologicamente tóxico

Não sei bem o dia em que o abandono se deu
Não sei de quem é a culpa
Mas eu só não queria estar só

Eu enterro fundo essa história
Desrespeito minhas dores
Com vista grossa e punho cerrado




sábado, 18 de março de 2017

Little beat of peace

Sigo por estradas
Mais ou menos desconhecidas
São perguntas
Sem resposta
E eu prefiro esperar do lado de fora

Vinte sete anos
Ainda acredito
Um destino
Um oasis à frente no caminho

Em busca de um pouco de paz
Em busca de um pouco de mim
Isso doeu demais
E embora pareça pouco
É o que posso dar

Errei tanto
Sempre
Dia a dia
Eu falo com Deus
Agradeço peço perdão
E suplico por perseverança
São tantas segundas chances
Que já perdi a conta

Eu tento ver o futuro
Aplacar a dor
Mas não há muito
As vezes é só continuar
E confiar que amanhã será diferente

As vezes tenho trinta
As vezes vinte
E só quero um pouco de paz



terça-feira, 14 de março de 2017

Em sistema estrangeiro

Não faço parte dos seus projetos
Não sou uma curva na estrada
Eu sou a estrada

Você diz ter meu guia de fábrica
Sempre me ferindo
Sangue do seu sangue
Minha vida pulsa só

Bati as asas
Sempre tão desprotegido
Cai do ninho e ganhei o mundo

Com os olhos virados
E razões circulares
Aprendi a ser só

Eu sei
No fundo, no fundo, devia haver alguma lógica
Eu sei
Talvez hoje a gente possa fingir que não existiu
Eu sei
Mas eu estou aqui
Ainda existo
E talvez não queira voltar atrás

Sinto muito
Vou puxar o gatilho

Não orbito em sistema estrangeiro
Nem sou caixa de areia
Cicatrizei essa ferida

Eu sou o sol
E queimarei seus olhos
Irradiando por todos os espaços
Vocês me sentirão mesmo na sombra




domingo, 12 de março de 2017

segunda-feira, 6 de março de 2017

Paralelo


Trancado em um quarto
Sem ver o dia
Quando escurecia
Se era passado ou presente
Riscou as paredes
Mergulhou no chão
Bateu com a cabeça
Pediu por ajuda

Procurou nos pulmões
No meio da madrugada
Batiam na janela
Pediam pra entrar
Um choro sofrido
De longe
Com anéis tilintavam a grade
Enfiou a cabeça nos travesseiros
Ouvia os passos rondando a casa
Escutou pegadas no telhado
Gritos atormentados de loucura

Seis dias acordado
Acreditou não ter dormido
Talvez tivesse morrido
Ninguém respondia
Cortou-se 
A dor esvaziava em vermelho viscoso
Sem saber como
Estava vivo
Mas onde
E quando?

sábado, 4 de março de 2017

Martin Eden


Navegaram
Nus correram para o mar
Enfrentaram as ondas
Tomaram os timões
Deram o rumo
Dia a dia
Confeccionaram asas de cera
Encantados
Voaram em direção ao sol

Sedentos
Beberam toda água do mar
Sozinhos
Traçaram um plano lunático
Fixados em um ponto
Miraram até cegar o mundo

O sal perdeu o gosto
O vermelho se tornou cinza
Distinguiam vagos fantasmas
Era um ponto
Um pódio
Um alvo

O sangue escorrido
Marcou o traçado

No fim
Não havia mais nada

A sede daquela conquista
Única
Insubstituível
Egoísta
Foi a marca das suas desgraças

Suas vidas escorreram entre os dedos
Mas  o delírio não deixava sentir a dor
Lutando com seus moinhos
Esses homens carregaram suas tragédias

Naqueles últimos instantes
Nos últimos segundos
Mesmo tendo enfrentado o imenso e infinito nada
Em dias quase sempre nublados
Ao segurar o passaporte
Ao alcançar a terceira margem do rio
Qualquer um que os visse
Teria a plena certeza
Que o gosto amargo do arrependimento
Não os havia tocado












terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Rider

Você apareceu no meu céu
Em uma noite sem lua
Tornou a estrada menos sinuosa
Constante
Mas ela voltou de repente
Reclamando o que lhe pertence
Na profecia do amor nos tempos do cólera

O homem pode ser o senhor do seu destino
Mas nem sempre o de sua felicidade
Num paradoxo que transpassa minha alma 
Eu não escolho sentir 

Envolto em triângulos forjados 
Medos exagerados 
Em um dentro fora 
De quem parece me testar 
Sou paciente
Não pretendo rasgar nossas almas 

Entreguei as fichas
Dei meu all in 
Mas ela apresenta sinais confusos
Inseguranças
Na rodada das nossas vidas
No cair do pano

Sou um corredor 
E já atravessei noites tenebrosas 
Me fizeram melhor
Não temo mais nada

O amor é dessas forças inexplicáveis
Que embora irracionais 
Iluminam tudo que encontram pela frente

Se eu dissesse que depende de mim 
De escolher 
De te querer 
Seria o pior dos homens

Estou à deriva
Espero por vento bom 
Prospero 
Profético!

Mas se o vento não chega
E a tripulação começar a surtar de ansiedade e pavor
No meio de um oceano tão vasto e que nos faz tão solitários 
Eu tomarei o leme 
Recobrarei meus cálculos 
E se sua estrela ainda brilhar 
Mirarei seu rumo 

"I'm a rider 
A ghetto survivor"

Eu estou tentando...
Não quero ser mais um
Mas não me peça mais do que posso dar





segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Vermelho, azul e branco


Minhas mãos estão atadas
Não há muito o que fazer
Coloquei todos os batalhões em marcha
Respirei fundo
Sentei-me ao lado da cama
Estive comigo por uns momentos

Com ou sem você?
Fiz conexões em todos os aeroportos
Tentei ligar os pontos
Busquei o que de mais raro existia no meu acervo

Elevei minha adrenalina
Mudei minha pulsação
Guardei esse segredo

Patino em minha razão
Sem sair do lugar
Mudei a jurisdição
Essa decisão
Não me pertence mais

Em algum momento esse dia poderia chegar
Como em uma história cinematográfica
Industria cultural
Turning ponit

Não podia ser diferente
Isso é hollywood
Por mais que a produção bucólica francesa
Nos admire
Nós fingimos que não
Mas sempre incendiamos tudo
Em um amor clássico
Que roça a eternidade

Nós somos vermelho azul e branco
E começou a tempo de viver
Sentindo todas as cores
Pulsando cada estação

Isso é sagrado
Tentei explicar como
Mas perto de você sou infinito
Em um universo com tantos pontos
E estrelas que se intercomunicam
* * *

Tentei ligar os laços
Em tantos olhares que você nem imagina
E um dia cheguei a acreditar
Que  pra ser feliz não precisava ser eterno
Que poderia continuar indo
Apanhando aqui e ali algum sorriso
Dessas almas que me cativam mas não me embebedam

Se te deixasse passar
Se ligasse os motores da estratégia
De rigorosos planos e linhas traçadas
Teria escolhido por ser  mortal
Mas sabe meu bem...
Como Arthur arrancou a espada
Esse é o grande momento
E não estou nessa vida à passeio
Você renasceu o mito que existe em mim
Meu coração bate
E meus dias tem mais sentido

Nossos medos são monstros
Com sete cabeças
Metros de comprimento
Tentam nos puxar pra terra
Nos convencer das efemeridades desse mundo
Mas acredite... nos somos fortes!
E não estamos sós!








segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A northern soul

Meu mundo definido
Com palavras prontas
Alertas e códigos para cada evento
Meus riscos calculados
Perícia
Prudência 

Vocês acham que eu cruzei a linha
Mas sempre estive no limite
Coração quente
Mente fria

Vocês me alertaram quanto ao calor
Mas o perigo sempre esteve no frio
A torrente polar não dança

Vocês me disseram que a terra cobra seu preço
Que encanta em suas coxas 
Que não há nada igual
Mas a avalanche vem de cima do equador 

Esse nariz rosado 
Olhos apertados
E um jeito todo acertado em ser desajeitada

Sou um latino
O norte não me convence
As embarcações do lácio sempre apontaram para o sul
Somos os filhos bastardos do sol 
Dos tambores
Nós não aprendemos a semear e esperar colher
Nossa alegria está no caminhar
Em conquistar

Mas o ártico
Ahh... o norte!
Com seus mares pequenos
Sua terra de impérios, histórias e batalhas
Sinfonias, filosofia, maquinas e matemática
Ahh
Esse norte nunca me convenceu!
Com suas salsichas e culinária de subsistência
Eu sinto a vida
Eu sou a vida
Meu coração se arma de sentido na beleza
No gosto, no cheiro
Despreza a razão 
E ainda que calcule os riscos..
Se arrisca!

Sou latino
Esse ser que se entrega pela metade
Esse filho bastardo
Avaliador de riscos
Que dança
Mas não se funde completamente na música
Nunca andará nu como um índio
Mas toma feliz três banhos ao dia 

Nossa natureza é essa incapacidade de ser completo
E ainda assim ser
Se completando na incompletude
Não fazemos sentido 

As terras do sul 
Sempre foram e sempre serão as únicas que importam
Seja no extremo leste do timor
No mar do caribe 
Ou no Congo...que nunca foi belga

Mas algo de estranho as vezes me acontece
Bagunça minha bússola 
E a estrela guia corre para o norte

A irracionalidade tão clara e prazerosa 
De um mar azul  ensandecedor
Se nubla em pinheiros e neve completando tudo
Minha adrenalina sobe
E meu mundo se inverte

Queria não fazer sentido assim fazendo
Não ser claro assim sendo
E tudo estaria mais ou menos organizado
Planejado
Mas uma corrente de ar arrebentou por minha janela
 Vejo 
A direção e o sentido de um mundo que não é o meu
Mas que me arrasta
Me puxa com violência
Arrebata
E me faz feliz 





Obrigado pelo bom gosto

Meus ombros são largos
Meu coração é grande
Minha coragem é valente

Meus ombros são largos
Meu coração é grande
Minha coragem é valente

Esse é meu maior desafio
Coincidências existem?
No meu mundo intrincado
Em um equilíbrio complicado
Ele diz "Take my hand"
Isso me remete uma longa distancia
Remete um mundo inteiro

Meu anjo é um gladiador invicto
Contra ele nada nem ninguém nunca pôde
Mas nada é tão gratuito
Esse heroí tem um senso de humor particular
E o universo parece rir de mim

"Wise men say
Only fools rush in
But I can't help
Falling in love with you"

Poderia dizer que as coisas
Chegam em nós quando elas precisam chegar
Mas isso meu caro anjo
É uma reflexão que vc já conhece
E não uma resposta....

Mas obrigado pelo bom gosto

Essa metáfora

Veja as luzes
Os faróis dos carros
Só existem no anoitecer

Veja as estrelas
Até estiveram aqui durante o dia
Mas você só as vê com o céu escuro

As coisas podem ser mais ou menos assim
Baby você me conhece
Eu não gosto de apostas
Não sou um homem que joga

Meus pés sentem a vibração do motor
Eu controlo milhares de cavalos
Sou cirúrgico
Sinto a medida de potência
Torno leve um corpo pesado no tempo e no espaço

Mas meu bem
Não sou mágico
E tenho meus limites
Essa adrenalina me toma
Célula por célula
E de noite cada músculo dói

Você me injeta isso
No miocardio
O estímulo resposta é rápido

Isso me deixa louco
Minha mente não descansa
Eu funciono à altas rotações
O quanto  eu posso aguentar não sei

Essa metáfora da noite
Quando já não vejo nada
Mas meu céu brilha
Você bagunça o sr certinho aqui

O que eu posso ver?
Quem eu sou e como tudo será?
Você voltará pra mim?

No horizonte nada mais que um palmo
De longe os faróis
Em uma viagem distante
Alucinante
No céu a certeza do infinito
E do....desconhecido!
É agora ou nunca?




domingo, 5 de fevereiro de 2017

suçuarana

É, encham os pulmões
Subam nos telhados
Gritem bem alto
Levantem a cidade
Chamem os profetas
Reescrevam a história
Calibrem os barômetros
O tempo mudou

Voltem pra casa
Tirem a tarde livre
Repensem seus movimentos
Desliguem os relógios

Aqui vamos nós
Eu dou o compasso
Eu sou o compasso
Façam suas escolhas
A sorte mudou
Aproveitaremos o vento norte

Baixem os decretos
A favela será a côrte
Tomaremos o que não é nosso
O que não era pra ser
O que não foi feito pra ser
Sairemos das nossas posições

Fundo em nossas mentes
Nós achamos às chaves
Sem medo
Levantamos nossos pés
Ninguém entende
Somos os loas
Nossos santos e entidades
Somos a furia e a beleza

Eu não canto sozinho
Dou o compasso
Com mil pés marchando ao meu lado
Nunca estive só
Apenas adormecido

Respire o mais fundo que puder
Feche os olhos
E sinta a terra tremer
A melodia mais suave que nosso tempo já viveu

Eu estive aqui o tempo todo
Mas agora você pode me ver




terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Fraqueza indômita

Você está tão certa de si
Minas Gerais
Oculta seus erros e move a máquina

Eu digo que errei
Pixo nos muros
Com letras garrafais
Eu errei
Mas isso é tudo

Entreguei as balas de prata
Passos atrás
Reconsiderações
Tentei sopros de vida
Em seus ouvidos putrefatos

Você procura um motivo
Enaltece suas dores
Assim, escondendo o que puder ser enterrado

Acredite no que quiser
Encha um oceano com suas crenças
Mas no fundo sabe do que isso se trata

O monstro do seu orgulho jantou suas entranhas
Tem vida própria
Te diz quem você é
O que deve fazer

Esse anjo podre te humilha
Coloca suas fraquezas em um show de calouros
Drena sua força
Seu tempo
Te ridiculariza

Falsos dilemas te consomem
E cada dia menos luz entra por suas retinas
Já não sei mais quem é Dr. Jekyll ou Mr. Hyde

Seu quarto tem pó por todos os lados
Você detesta abrir as janelas
Como se o sol pudesse te dizer algo

O medo de que o dia te arrebentasse o peito
Te fez caminhar em sombras
Mais espeças a cada noite
Essa tuberculose de egoismo
Necessitando provar sei lá o que à não sei quem

Grita um grito esbaforido
Sem beleza
Descompassado
Qualquer melodia
Acorde
Canção
Dói no peito desse parasita que te vive

Fraqueza indômita
Paradoxos são a alma dos demônios
Mas lembre-se
Demônios não tem alma
Tem conflitos






Pra uma vida inteira

Atravesso a cidade
Desligo os farois
Vou através das luzes
Eu sou o mar banhando as estrelas

São 3 A.M
Nós já não temos certeza de nada
Seus olhos se encontram com os meus
Vou nadando em sua alma
Mergulho fundo
Vou a superficie e me falta o ar

Sinto o chão
Volto de repente
Você ri
Não sei quanto tempo estive lá

Com ar de cumplicidade
Seu sorriso se espalha
Dobra os joelhos
Me encara séria

Te encontro de volta
E navegando em mar tranquilo
Você enxerga minhas coordenadas
Meu plano de navegação

Ligo os faróis
Vejo um posto
"Quanto?"
O suficiente amigo...pra uma vida inteira!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Oração

Mais uma chance
Todo poderoso
Amigo companheiro pai
Você nunca me deixou só
Tantas vezes eu tive vergonha
Escondi meu amor
Com receio de ficar só
Estive tão errado
Testei minhas crenças
Fui fraco
Perdi as contas de todos os meus erros
Mas se serve de desculpa
Eu não sou tão bom assim
Um pecador...
Que tentando se limpar perde de vista o caminho
E escorrega na lama novamente
Tantas vezes não entendi
Não quis entender
Meu Deus, Meu Deus
Que eu não esqueça seus mandamentos
Que a fé e o bem sejam meu caminho e minha verdade
Que o senhor seja a estrela que me guia e acende meu coração